domingo, 29 de janeiro de 2012

Dia 23 - Rio Blanco a Rufino (850km) 07:00 as 21:30


Renovados, saímos cedo, na esperança de encontrar a Aduana vazia. Descobrímos na hora que a decisão de parar para dormir tinha sido acertada. A estrada Chile-Argentina nesse ponto é um espetáculo a parte. As montanhas são rochosas, com cores e desenhos variados, além de seguir o curso de um rio, que causa uma erosão bonita, parece arquitetada.

Outro ponto que merece destaque são os Caracoles, sequência de curvas que sobem a cordilheira. Se você virar bem rápido, consegue enxergar a placa traseira, de tão fechadas que são as curvas.

Chegamos na Aduana e Tcharãnnn, fila. Para ser mais exato, 2 horas pra passar por ela. Enquanto esperava na fila, lembrei do comentário de um frentista, ainda em Santiago: -Cara, quase congelei uma vez nessa fila. E eu pensei, o cara tá maluco né? Com esse calor que está aqui em Santiago, como vou passar frio? Ele deve ter ido no inverno...

Só que o espertinho aqui se esqueceu que a Aduana é na cordilheira, a mais de 3.000 metros de altitude. Não deu outra, friaca total, a sorte é que tinha um solzinho bem camarada para esquentar. Fico imaginando isso aqui no inverno, congela mesmo, literalmente. Tem um montão de placas informando que os carros somente são permitidos a subir com correntes nos pneus pois a pista fica com gelo.

Burocracia realizada, bora descer tudo o que subimos. Show de bola de novo, o caminho todo é fantástico. Passamos por vários precipícios, túneis de pedra, pontes, etc. Valeu mesmo a pena ter feito esse caminho de dia.

Passando Uspalatta, a estrada volta a chatice costumeira. Campos e mais campos, de ambos os lados, um marasmo total. Pelo menos de manhã valeu o dia. Combinamos de rodar o máximo que conseguíssimos, pois deu os 5 minutos no Lucas e ele não vê a hora de chegar em casa.

No finalzinho da tarde quem deu as caras de novo??? Vento maldito. Putz, a motos não passavam de 100km/h nem a pau, empurrão, oração, xingamento, qualquer coisa. Tivemos que apelar para o jeitinho argentino, isso mesmo, argentino: Chupão hehehe. Colamos atrás de um caminhão e fomos embora, protegidinhos do vento. Sabemos que não é o mais recomendável em termos de segurança, mas ninguém mais merece vento nessa viagem né?? Chega. Seguimos atrás de um dos pneus, o cara não ia passar em cima de cacareco, certo? Pelo menos é mais seguro que ficar no meio...

Paramos somente um pouco depois de escurecer. O dia rendeu hoje, recorde de quilometragem. O que matou hoje, com certeza, foi o calor excessivo. A 110km/h o vento parece um bafo quente, sufocante, não tem refresco. A toda parada era no mínimo meio litro de líquido e, mesmo assim, minha boca rachou com o vento quente e seco.

Sobre a cidade que paramos, Rufino, parece ser legalzinha, típica cidade do interior. No primeiro hotel que passamos já ficamos. O dono não tinha estacionamento para as motos mas não se fez de rogado, puxou logo uma rampa e entramos com a moto dentro do saguão do Hotel, isso mesmo, dentro do Saguão.

Depois que as motos já estava lá dentro vi que o quarto era bem fuleirinho mas, depois da hospitalidade do dono e do trampo de colocar as motos no saguão, ficamos por lá mesmo.

Corremos jantar e, Parenteses geral: ô paisinho atrasado esse heim??? Quase nenhum lugar que fomos aceitava cartão. No Brasil, até o bar do Zé vende paçoquinha no crédito. Fecha parenteses :)

Voltando, rodamos a cidade inteira em busca de algum restaurante que aceitasse cartão, visto que nosso dinheiro já era (também, duas manutenções de moto, zerou a reserva) e nada. No último lugar que fomos, apelei e comecei a chorar as pitangas hehe, deu certo, o dono do lugar perguntou se eu tinha "Reales". Opa, a coisa começou a melhorar. Sorte que eu tinha e que ele vai para o Rio daqui 10 dias, fome com a vontade de comer. Acertamos o cambio em 2,30 e comemos felizes da vida.

Dicas do Brasil dadas, refeição realizada, bora dormir na espelunca. Amanhão temos 430km até Buenos Aires.

Los Caracoles

Ponte Inca

Motocando sobre as cordilheiras

Lucas sofrendo sem os óculos escuros

Visual irado





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