segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Dia 24: Rufino - Buenos Aires - Colônia del Sacramento, Uruguai (450 Km) 8h00 às 18h00

Saimos de Rufino com a pouca grana que nos restava escondida na virilha, deixando apenas uns 10 pesos na carteira, pois a polícia nessa parte da Argentina é muito corrupta e não queríamos dar dinheiro a eles no caso de sermos parados.

Antes o Leandro reclamava do frio pra pilotar, mas o calor é muito pior, pelo menos pra mim. Cansa muito mais, parece que o dia não rende, você quer parar a todo momento... eu estava literalmente derretendo dentro do capacete e da roupa...

Até Buenos Aires, muito pouco pra se ver na estrada, o que aumenta a vontade de chegar logo e entrar em qualquer lugar com ar condicionado, ou pelo menos uma sombra, tirar o capacete e a jaqueta.

Nessa parte da viagem, minha alegria se resumia aos momentos em que uma nuvem entrava na frente do sol pois, além de refrescar um pouco, eu conseguia enxergar, pois como perdi a lente de contato, estou tendo que usar óculos, sem poder usar os óculos de sol. E de manhã o sol estava bem na nossa cara.

Já em Buenos Aires, vimos muito pouco da cidade, mas por onde passamos, é uma cidade bonita e limpa. Deve ter o lado feio, como toda cidade grande, mas não vimos.
Motoca piscando a luz da reserva de gasolina, a primeira parada foi um posto, onde aproveitamos pra perguntar onde ficava o barco pra fazer a travessia pro Uruguai. Quando chegamos no porto, quase caímos  de costas com o preço da travessia, um pouco mais de 300 reais por moto/pessoa. Com esse preço, fomos em busca de outra empresa que fizesse a travessia.

Se às vezes pedir informação em português de onde ficam os lugares já é complicado, imagine em outra língua (espanhol). Então foi um pouco chato de achar a outra empresa; pedimos informação pra umas 4 pessoas e mesmo assim erramos o caminho várias vezes. E quando achamos a empresa, surpresa: ela só faz travessia de gente, e não de veículos / motos.
Nesse momento as opções eram duas: rodar de moto 400 Km ou pagar o preço da primeira empresa. Eu que já não aguentava mais pilotar naquele calor, preferi pagar os 300 e tantos reais. E volta o cão arrependido pra primeira empresa... rs
A opção que eu preferia, Montevideo, já não tinha mais como pegar. Sobrou irmos pra Colônia del Sacramento.
Antes de embarcar encontramos o Igor novamente, o cara da 4x4 que conhecemos em Azul e depois nos encontramos várias vezes durante a viagem.

Embarcamos e o melhor de tudo foi o ar condicionado dentro do barco, que é bem bacana, com cafeteria, free shop, umas mesinhas... enquanto o Leandro escrevia o blog dos dias anteriores eu cai na soneca, só pra variar... uma horinha de travessia e eu dormi uns 40 deles, acordando quando estava chegando no Uruguai.

Como fazia tempo já que não acontecia, o Leandro derrubou a motoca dele de novo. Na saída do barco, ele parou pra ver alguma coisa no GPS. Ele nem desceu da moto e do nada, ela foi pro chão. Ficamos sem entender o que aconteceu... rsrs

Sorte que viemos pra Colônia, pois a cidade é muito bonita, toda arborizada, super aconchegante e com praias formadas pelo Rio de La Plata. Com o calorzão que estava, tudo o que precisávamos era um mergulho.
Tratamos de achar uma pousada pra ficar. Como o quarto só estaria liberado depois de uma hora que chegamos, fomos com tudo pra praia e nos trocamos lá mesmo pra cair naquela água deliciosa.
AAHHHHHHHH era disso que eu precisava viu...
Mergulho dado, corpos refrescados, bora molhar a garganta que ninguém é de ferro... ali mesmo devoramos duas porções de pizza acompanhadas de 2 Heineken litrão... aôô delícia !!!

De volta pra pousada, o esquema era tomar banho e sair conhecer um pouco da cidade, que tem uma parte antiga que dá um ar bem bacana pro lugar. Pena que vários edifícios antigos estão mal conservados.
Ainda paramos pra tomar uma Coca gelada e já emendamos outra cervejinha com amendoin (Rí, do jeito que cê gosta.. hahaha).

Como a gente nunca tá 100% feliz com as coisas, a gente queria uma chuvinha pra refrescar a noite e a gente dormir gostoso (nosso quarto na pousada só tinha ventilador e não ar condicionado). Papai do céu foi super legal com a gente e mandou uma chuvona que refrescou legal o clima e dormimos que nem pedra...

Mosquitas amarradas pra travessia no Buquebus (o barco)

Colônia vista do Buquebus 

Fim de tarde em Colônia 

Heineken de dia....


...Patricia (cerveja uruguaiana muito boa) de noite


 Noite em Colônia

domingo, 29 de janeiro de 2012

Dia 23 - Rio Blanco a Rufino (850km) 07:00 as 21:30


Renovados, saímos cedo, na esperança de encontrar a Aduana vazia. Descobrímos na hora que a decisão de parar para dormir tinha sido acertada. A estrada Chile-Argentina nesse ponto é um espetáculo a parte. As montanhas são rochosas, com cores e desenhos variados, além de seguir o curso de um rio, que causa uma erosão bonita, parece arquitetada.

Outro ponto que merece destaque são os Caracoles, sequência de curvas que sobem a cordilheira. Se você virar bem rápido, consegue enxergar a placa traseira, de tão fechadas que são as curvas.

Chegamos na Aduana e Tcharãnnn, fila. Para ser mais exato, 2 horas pra passar por ela. Enquanto esperava na fila, lembrei do comentário de um frentista, ainda em Santiago: -Cara, quase congelei uma vez nessa fila. E eu pensei, o cara tá maluco né? Com esse calor que está aqui em Santiago, como vou passar frio? Ele deve ter ido no inverno...

Só que o espertinho aqui se esqueceu que a Aduana é na cordilheira, a mais de 3.000 metros de altitude. Não deu outra, friaca total, a sorte é que tinha um solzinho bem camarada para esquentar. Fico imaginando isso aqui no inverno, congela mesmo, literalmente. Tem um montão de placas informando que os carros somente são permitidos a subir com correntes nos pneus pois a pista fica com gelo.

Burocracia realizada, bora descer tudo o que subimos. Show de bola de novo, o caminho todo é fantástico. Passamos por vários precipícios, túneis de pedra, pontes, etc. Valeu mesmo a pena ter feito esse caminho de dia.

Passando Uspalatta, a estrada volta a chatice costumeira. Campos e mais campos, de ambos os lados, um marasmo total. Pelo menos de manhã valeu o dia. Combinamos de rodar o máximo que conseguíssimos, pois deu os 5 minutos no Lucas e ele não vê a hora de chegar em casa.

No finalzinho da tarde quem deu as caras de novo??? Vento maldito. Putz, a motos não passavam de 100km/h nem a pau, empurrão, oração, xingamento, qualquer coisa. Tivemos que apelar para o jeitinho argentino, isso mesmo, argentino: Chupão hehehe. Colamos atrás de um caminhão e fomos embora, protegidinhos do vento. Sabemos que não é o mais recomendável em termos de segurança, mas ninguém mais merece vento nessa viagem né?? Chega. Seguimos atrás de um dos pneus, o cara não ia passar em cima de cacareco, certo? Pelo menos é mais seguro que ficar no meio...

Paramos somente um pouco depois de escurecer. O dia rendeu hoje, recorde de quilometragem. O que matou hoje, com certeza, foi o calor excessivo. A 110km/h o vento parece um bafo quente, sufocante, não tem refresco. A toda parada era no mínimo meio litro de líquido e, mesmo assim, minha boca rachou com o vento quente e seco.

Sobre a cidade que paramos, Rufino, parece ser legalzinha, típica cidade do interior. No primeiro hotel que passamos já ficamos. O dono não tinha estacionamento para as motos mas não se fez de rogado, puxou logo uma rampa e entramos com a moto dentro do saguão do Hotel, isso mesmo, dentro do Saguão.

Depois que as motos já estava lá dentro vi que o quarto era bem fuleirinho mas, depois da hospitalidade do dono e do trampo de colocar as motos no saguão, ficamos por lá mesmo.

Corremos jantar e, Parenteses geral: ô paisinho atrasado esse heim??? Quase nenhum lugar que fomos aceitava cartão. No Brasil, até o bar do Zé vende paçoquinha no crédito. Fecha parenteses :)

Voltando, rodamos a cidade inteira em busca de algum restaurante que aceitasse cartão, visto que nosso dinheiro já era (também, duas manutenções de moto, zerou a reserva) e nada. No último lugar que fomos, apelei e comecei a chorar as pitangas hehe, deu certo, o dono do lugar perguntou se eu tinha "Reales". Opa, a coisa começou a melhorar. Sorte que eu tinha e que ele vai para o Rio daqui 10 dias, fome com a vontade de comer. Acertamos o cambio em 2,30 e comemos felizes da vida.

Dicas do Brasil dadas, refeição realizada, bora dormir na espelunca. Amanhão temos 430km até Buenos Aires.

Los Caracoles

Ponte Inca

Motocando sobre as cordilheiras

Lucas sofrendo sem os óculos escuros

Visual irado





Dia 22 - Santiago - Rio Blanco (137km) 19:00 as 21:40


Ahhh, como é bom dormir sabendo que não existe nenhum compromisso no dia seguinte. Como as motos estavam na oficina, dormimos sem preocupação. O Lucas acordou umas 09h45 e, com o barulho, acordei também.

Enquanto ele tomava banho, lembrei que o café da manhã no Hostel que estávamos era somente até as 10h00, vrixe, tome-lhe correria. Eu só lavei o rosto e desci, o Lucas ainda tinha que sair do banho, imagine o desespero. Cheguei no restaurante as 09h59, ninguém pode falar nada, horário é horário :)

Café da manhã tomado, voltamos pra arrumar as coisas, pois o checkout era as 12h. Tudo arrumado, deixamos as coisas guardadas e ruaaaa, bora andar por Santiago novamente. Voltamos ao bairro Bela Vista, onde tem um Funicular, tipo de bondinho que corre sobre os trilhos e que leva ao topo de uma montanha. Bem legal, tem um mirante com uma vista show de bola de Santiago.

Na volta, almoço no Pátio Bela Vista (recomendadíssimo) e, por incrível que pareça, fizemos um programa típico dos moradores de Santiago. Procuramos uma praça bem legal, uma grama bem confortável sob a sombra de uma árvore e puxamos uma siesta, ehhh coisa boa. Aqui todo mundo se reúne nas praças, formam rodas de conversa, fazem piquinique, dormem, muito legal. Em São Paulo seríamos chamados de mendigos.

Como alegria de pobre dura pouco, bem embaixo da nossa árvore chegou um casalsinho e a matraca da garota não calava a boca, que coisa. O cara só abanando a cabeça e a metralhadora cuspindo palavras. Fazer o que, siesta interrompida, bora pro Albergue pegar nossas coisas e ir pra Honda, ver como estavam as motos.

Chegamos na Honda as 17h30 e estavam na fase final de montagem. Na minha, substituiram a válvula adaptada, fizeram uma revisão geral, trocaram o óleo e o filtro, lavaram a danada, ou seja, ficou nova de novo :). Preço: $87.000, ou R$348,00, mais barato que o Argentino que me salvou em El Bolson. A do Lucas ficou $45.000 (R$180,00) pela revisão, troca de óleo e filtro.

Até arrumar tudo, colocar as malas de volta na moto, conversar com o mecânico, etc, etc, saímos de lá somente as 19h, quando me lembrei que tinha esquecido minha calça jeans no Albergue. Como na noite anterior tinha tomado um banho de vinho (literalmente), precisei lavar minha calça e deixar secando. Até pensei em deixar pra trás mas o Lucas foi companheiro e insistiu que devíamos buscar. Até que foi rápido e ainda era caminho pra saída.

Já na rodovia, combinamos de rodar até a Aduana, mesmo que escurescesse. Vamos lá então né, e tome-lhe teste na motoca. A lenta ficou ótima, a única coisa que ainda me deixou com a pulga atrás da orelha é que, quando forço um pouquinho mais, sinto uns TUQS TUQS, parece umas batidinhas no motor. Sei lá, se aguentar, vou tocar até o final, não aguento mais mecânico.

Falando em não aguentar mais, o Lucas me deu um susto hoje no café da manhã. Me disse que não estava mais curtindo a viagem e que, por ele, embarcava num avião pra casa. Xiii, pensei, fiquei sem companheiro. Mas é compreensível, a volta não tem sido muito legal: estradas repetitivas, calor, problema nas motos, ele perdeu a lente de contato e tá usando o óculos normal e não consegue enxergar um palmo com o sol no rosto, sem falar que estamos rodando muito por dia.

Bom, bola pra frente. Seguimos viagem e pegamos uma serra muito bacana, já escuro, e ví que estávamos perdendo um monte de coisas legais, aquelas que não víamos há um tempo. Putz, só falta essa, a parte bonita a gente fazer de noite.

Aproveitei uma ultrapassagem onde o Lucas ficou pra trás e parei para esperá-lo num lugar todo iluminado, no meio da montanha. Adivinha o que era??? Restaurante-Hotel. Não tive dúvida, é aqui que a gente fica. O Lucas topou na hora.

Melhor coisa que fizemos. A comida era excelente, o preço melhor ainda, sem falar na camaradagem do garçom. Pegamos uma cabana e fomos dormir. Amanhã temos que acordar bem cedo, pois temos a Aduana pela frente. Tomara que o dia renda amanhã...

Funicular


Almoço no Pátio Bela Vista

Hora da Siesta

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Dia 21: Rancagua - Santiago (110 Km) 8h00 às 11h00

Bom humor restabelecido, vou até redigir o blog de hoje... rs

Tenho que comentar que desde ontem estamos estranhando o fato do pessoal aqui usar bastante abacate nas comidas. Lanche com abacate, salada com abacate, café da manhã com abacate... pior que não sei de onde vêm tanto abacate, porque não lembro de ter visto abacateiros por ai... vai entender, cultura é cultura né...

Tivemos pouco tempo de estrada hoje, já que Rancagua fica há pouco mais de 60 Km de Santiago. O resto, foi rodando em Santiago, em busca de onde fazer a manutenção / revisão das motocas.

Demoramos pra achar a primeira concessionária, uma tal de Pro Circuit. Meu, não tem como não falar mal dessa loja. Pra começar, o horário de funcionamento é a partir das 10 horas e só foram abrir às 10h15. Todos os funcionários lá dentro da loja, a gente esperando do lado de fora e eles olhando e fazendo pouco caso. Depois que abriram a loja e entramos, fomos muito mal atendidos, um pouco caso total. Se dependesse dessa loja, eu jamais teria uma moto Honda. Vou até verificar se existe um espaço pra reclamação de concessionárias no site da Honda.

Bom, nessa loja não tinham válvula e nem mecânico disponível pra nos atender no prazo que precisávamos. Partimos em busca de outra loja. Na segunda loja que encontramos (perto da primeira) fomos bem atendidos, porém estavam com a oficina lotada e não poderiam nos atender no prazo que queríamos.
Nesse momento, o João decidiu continuar sua viagem (ele está indo para a Bolívia, Peru, Venezuela...). Nos despedimos e a partir de agora estamos só eu e o Leandro.
Boa viagem João, (não) vamos sentir falta do ronco.. hahaha

Partimos então para a terceira loja, que não era uma concessionária Honda, mas foi indicada pelo pessoal da segunda loja. Nessa loja também não tinham mecânico disponível. Mas o cara de lá foi bem prestativo e fez alguns contatos por telefone e achou uma outra concessionária Honda que poderia fazer o serviço pra gente.

Bora lá pra quarta loja então. Lá fomos super bem recebidos e conseguímos deixar as mosquitonas pra reforma. Espero que não fique muito caro.

De maletas em mãos, partimos em busca de um hotel pra ficar. Logo um táxi se ofereceu pra nos levar e nos indicou um hostel, muito bom por sinal e ficamos nele.

Só trocamos as roupas de motociclista por uma bermuda, visto que ainda não tinha dado o horário de check in, e partimos pra almoçar e depois dar uma volta pela cidade.

Andando pra lá e pra cá, avistamos um ônibus que faz um tour turístico pela cidade. Corremos atrás dele e embarcamos. Depois ficamos sabendo o preço: absurdos 19 mil pesos ou, aproximadamente 75 reais!!
No meu caso, muito mal gastos, porque, com a barriga cheia, calor e uma brisa gostosa no ônibus (tipo aqueles de Londres, abertos na parte de cima) eu acabei dormindo e não vi muita coisa...

Decidimos descer do ônibus num lugar que avistamos uma placa de zoológico, teleférico e tals. Devo dizer que não fomos a nenhum desses lugares.. hahaha. Paramos numa sorveteria e depois voltamos pro hostel, tomar um banho e tirar uma soneca.

Já de noite, saímos pra jantar num bairro bem bacana, chamado Bela Vista, point de Santiago e que é do lado do nosso hostel. É tipo um Campolim em Sorocaba, ou Vila Madalena em São Paulo.

Comida muito boa, acompanhada de vinho e depois caipirosca foi a pedida pra encerrar o dia e nos deixar pronto pra ir pra cama. Quer dizer, o Leandro ficou pronto pra ir pro banho depois de derrubar uma taça cheia de vinho em cima dele... haha

Onde você não deve ir em Santiago 

Almoço 


 Tour de busão

Jantar

Dia 20 - Osorno - Temuco - Rancagua. (840km) - 08h40 até 21h50


Hoje o dia já começou bem. Acordamos e o Lucas acordou com um humor do cão, ainda tentei peruntar o que tinha acontecido mas recebi um rosnado de volta como resposta, fazer o quê né, todo mundo tem um dia ruim na vida, espero que passe logo.

Como combinado, tocamos em direção a Temuco, em busca da Honda, para solucionar os problemas das motos, isso mesmo, das motos. Hoje de manhã, ao dar a partida, a moto do Lucas também teve um pouco de dificuldade para ligar e, quando ligou, bateu pra caramba. Vamos revisar as duas, por via das dúvidas.

Ao chegar em Temuco, 260km de Osorno, encontramos facilmente a Honda mas, como a cidade é do interior, eles não tinham a válvula, teríamos que esperar um dia só para a danada chegar de Santiago. Olhei pro povo e perguntei: -Bora pra Santiago??

Todo mundo concordou, combinamos então fazer uma tocada tranquila, abaixo das 6.000RPM e dormir o mais próximo possível de Santiago. Antes de sairmos da Honda, aproveitamos a viagem para lavar, esticar e lubrificar as correntes ($10.000, ou R$40,00).

A viagem: pista dupla o tempo todo, sem vento e com tempo bom, fluiu que foi uma beleza. Somente o cenário, comum, sem muito o que comentar.

Passamos por umas duas ou três pontes belas e nada mais. Como na Argentina, muita gente passa e cumprimenta, nos incentivando. Nos postos de gasolina, a mesma coisa. Falando em gasolina, aqui está na faixa dos R$3,20 o litro. Em uma das paradas, aproveitamos para abastecer o estômago também. Na hora de retirar os pratos, um mix de confusão, o João acabou
ficando com o prato do Lucas e não percebeu. Quando o prato do Lucas chegou, ele percebeu que estava trocado, mas ai era tarde, o João já tinha devorado quase que completamente a comida. O Lucas, que já não estava com aquele humor, faltou explodir de raiva. Engoliu a comida. Eu nem arrisquei tirar sarro porque o negócio tava feio hoje :)

Quando faltavam 300km para chegar em Santiago o João começou a apitar na curva, ou seja, já começou a dar sinal de cansaço.

Ele mesmo pediu para parar no próximo posto, coisa rara vinda do João. Como ainda faltava muito, acertamos que pararíamos no próximo abastecimento, a uns 180kms pra frente.

Dito e feito, 180km depois abastecemos e, como a próxima cidade grande era a somente 50km, tocamos pra lá. As 21:15 escureceu e tive que tirar o óculos de sol já pensando: Putz, havia prometido que não rodaria a noite...

Mas 25kms adiante achamos a cidade, procuramos um hotel (achamos um Hostel de uma senhora muito simpática), janta e dormir.

Amanhã temos que chegar cedo a Santiago para sermos os primeiros na Honda.

Honda de Temuco

Como ninguém é de ferro, bora abastecer também. Saca a cara de cansado, depois de 840km

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Dia 19 - El Bolson - Osorno, Chile (360km) - 10h40 às 18h30


Acordamos um pouco mais tarde hoje, visto que a moto só ficaria pronta as 10h. Pela primeira vez em muitos dias acordei antes do despertador, realmente descansado.

Café da manhã tomado, rumo ao mecânico. A boa surpresa, as 09h30 é que a moto já estava montada, prontinha me esperando. A má, é que a luz da injeção eletrônica estava acessa, mesmo depois do motor funcionando.

O mecânico tirou o corpo fora, dizendo que não tinha feito nada, deveria ser gasolina ruim, etc, etc. Pronto, mais uma preocupação. Fazer o quê, se nem o cara sabia consertar, eu muito menos. Decidi tentar chegar até Osorno, no Chile, onde me disseram que havia uma Honda.

A moto pelo menos pegou na primeira, firmou cadência e, a primeira vista, estava funcionando redondinha. Na hora de pagar, putz, quase caí de costas: $1.000,00 pesos argentinos, o equivalente a R$500,00. Ai foi a maior choradeira da paróquia e o cara irredutível, dizendo que tinha passado o dia na moto, que tinha comprado isso, aquilo, tive que apelar, escondi um pouco de dinheiro e abri minha carteira mostrando que tinha somente $700,00, ai ele viu pesos chilenos e até isso ele aceitou. A conta fechou em R$450,00. Bom, pelo menos poderia seguir viagem.

Enquanto eu gastava com a moto, o Lucas foi gastar com cuecas !!! Depois de lavar as cuecas em um hotel, não deu tempo de secar e ficaram dois dias molhadas, quase embolorando. De medo de usar, ele foi comprar algumas novas...

Saímos e bora pra estrada. Assim que a moto esquentou, percebi que estava muito acelerada. Em ponto morto, fica em 3000RPM e o barulho do motor também não está legal, pelo menos ela está forte como um touro. Fui tocando a 90~100km/h, sem forçar nadinha. Minha esperança era chegar em Osorno, minha possível salvação.

Deixando os problemas da moto de lado, a viagem foi uma das mais bonitas até agora. A região dos lagos realmente impressiona. O que mais me deixou maravilhado foi um rio, de uma cor azul turquesa que, de tão limpo, dava para ver o fundo, não importava a profundidade.

Também passamos por uma lago, onde não resistimos e entramos, quer dizer, eu molhei as pernas e me contentei, o Lucas resolveu mergulhar. Conforme ele, revigorante.

Enquanto ele se esquentava um pouco no sol, vi uma cena no mínimo inusitada. Um senhor pescando... a água era tão limpa que dava para ver a linha, a isca e os peixes, circulando a isca. Isso não é pescar, é caçar :) Fantástico.

A paisagem? Montanhas, lagos azuis, rios de degelo, morros nevados, gramas verdinhas, etc. Realmente, hoje o dia foi muito bonito.

Chegamos na temida imigração Chilena. Meu, foi a imigração mais rápida que fizemos até agora. Foram extremamente educados e, na parte da inspeção, usei o velho truque de chegar conversando, cumprimentando, etc e a coisa mudou... todos os argentinos tinham que abrir tudo, tirar, mostrar, etc, já para nós, brasileiros, conversadores, inspeção para inglês ver hahaha, ele até brincou com o João, imitando um jingado de futebol. Não tiramos nada, como o pessoal comentava.

Já no Chile, a paisagem mudou um pouco, bosques lindos e fazendas super organizadas. À direita, um pico nevado maravilhoso nos acompanhou um bom tempo. Chegamos em Osorno as 18h30 e corri perguntar onde ficava a Honda e SURPRESAAAA, não tem :( Só em Temulco, a 256km daqui.

Como já era um pouco tarde, decidimos ficar por aqui. Passamos numa loja chamada Moto Aventura para trocar uma ideia sobre minha moto mas o cara só mexe com BMW. Detalhe, custa bem mais barato aqui. Mas valeu, ele nos recomendou um hotel, econômico e muito bom. Saiu R$140,00 os três. O dono do Hotel, Jaime, saiu caminhando conosco até o restaurante, onde estamos agora.

Restaurante legal, tomando um Casillero del Diablo, estamos a aguardar a comida. Por enquanto, nota dez. Amanhã seguimos em busca de uma Honda para deixar a motoca e tentaremos seguir para o vulcão de Pucón, enquanto aguardamos o conserto. Planos, veremos a realidade amanhã.

Rodando.


Visual

O Lucas não resistiu

Pra quem ainda tinha dúvida que a água era limpa

Assim é fácil pescar, né?

Ainda aguentando, vamos lá Mosquitas



Pena que a máquina não consegue retratar a realidade... é muito mais bonito que isso.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Dia 18 - Algum lugar entre Epuyen e El Hoyo - El Bolson (30km)


Hoje é um dia para esquecer... por enquanto a viagem acabou...

Como o João teria que procurar um mecânico logo cedo, aproveitamos para dormir até mais
tarde e recuperar o sono perdido. Marcamos de nos encontrar num mecânico em El Bolson as
10h30, logo, acordamos só as 09h20, uma beleza.

O sítio é tão gostoso que dormi que nem uma pedra, nem escutei o João saindo de manhã. Galo
cantanto (acho que demorei para escutar, pois dizem que eles cantam as 05h da manhã, acho
que o coitado já estava rouco... :) ), levantamos, arrumamos as moskitas e partimos. A
moskita sofreu para dar partida, como já estava acontecento há alguns dias, mas firmou
cadência e saímos do sítio.

Uns 500mts de pista e percebi que a moto não andava em quinta. Reduzi e ela firmou, mas
logo começou a ter dificuldades de andar em quarta também. Fiz sinal de negativo pro Lucas
mas tentei seguir viagem, pois estávamos pertinho de El Bolson e aproveitaria o mecânico em
que o João estava para verificar o que acontecia com a minha.

Não deu, numa subidinha, percebi que estava forçando e decidi parar. A moto não pegou
mais... Na hora me passou na cabeça os relatos do Serjão (ushuaia2010.blogspot.com), que
teve problemas com as válvulas.

Como o motor estava muito quente, resolvi nem forçar mais. Como faltavam 11km para a
cidade, pedi para o Lucas rebocar a moto. Fizemos uma trança com os eláticos, para aumentar
a resitência, e seguimos, a quarentinha, para a cidade. No primeiro posto que paramos,
perguntamos pelo mecânico em que o João estava.

Um dos funcionários já passou a mão no celular e chamou um mecânico, não era o mesmo, mas
fazer o quê né, o cara parecia entender do assunto. Na hora já diagnosticou que a causa
mais provável seriam as vávulas e perguntou se queria que abrisse para verificar. Como
estávamos longe da outra oficina e ele era amigo do pessoal de uma loja de pneus do posto,
ele abriria ali mesmo, num box.

Putz, eu não saiba, mas para chegar até as válvulas desmonta-se a moto inteira, ficou só o
esqueleto da coitada. Dito e feito, ele fez um teste com luzes e disse que a válvula estava
"cerrada", teria que calça-la para seguir viagem, já que não tem essa válvula por aqui.

Deixamos a mosquita para conserto (nisso o João já tinha chegado no posto, pois o Lucas
havia saído para avisá-lo) e decidimos procurar um hotel e conhecer a cidade, que parece
ser bem bonitinha. Hotel encontrado, fomos conhecer o mirante e a pedra Cabeça do Índio,
alguns dos pontos turísticos da cidade. No caminho, a moto do Lucas começou a fazer um
barulho estranho e já pensamos IHHH, ferrou, mais uma mosquita abatida.

Passamos direto pela cachoeira que havia na estrada e seguimos direto para a oficina
mecânica onde o João havia feito o serviço. Juan, o mecânico, logo nos tranquilizou, era
somente a "cardena", ou corrente, que estava totalmente frouxa. Culpa do rípio :)

Moto do Lucas ajustada, seguimos para o meu mecânico. Ainda desmontada e um parecer
sombrio. Ele já havia feito o ajuste da válvula, havia luz, mas mesmo assim não tinha
compressão. Teria que abrir o motor e ver o que se passava e sacar as válvulas. Existia a
possibilidade de não ter como seguir viagem...

Como não havia o que fazer, fomos para o hotel tomar um banho e saímos para jantar. Logo
após a janta, passamos no mecânico, que estava trabalhando até agora e chegamos a um
veredicto final. Uma válvula queimada, totalmente carbonizada. Gelei, pois não tinha
trazido válvulas de reposição e aqui não existe essa moto ainda.

Mas o super Maurício já tinha dado um jeito: pegou uma válvula de outra moto, levou para o
torno e ajustou... espero que fique boa :), o importante é conseguir chegar no Brasil né?

Como ele já estava cansado, perguntou se podia passar para pegar a moto amanhã, pois
faltava montar ela inteirinha. Lógico que sim, para quem não sabia se sairia daqui com a
moto andando, um dia a mais um dia a menos não faz diferença nenhuma, ainda mais que o cara
passou o dia inteirinho em cima da minha moto... estou com medo do preço amanhã.

Para finalizar o dia e mais tranquilo, estamos num café super legal, tomando um pretinho e
postando as notícias. Agora sim, estamos em dia com o Blog. Espero amanhã pegar a motoca as
10h00 e seguir viagem para Bariloche. No fim do dia devemos cruzar para Osorno.

Resultados da viagem até aqui:

Média da XRE na pista, carregada, sem vento, a 110km/h: 26~28km/l
Na pista, mesmas condições, porém com muito, bota muito, vento: 22km/l
Com vento a favor: 32,8km/l

Sobre a moto: vou vender assim que chegar no Brasil. É fantástica, tem uma ciclística muito
boa, confortável, forte, porém não é confiável. Muitos amigos XRE tiveram problema com ela
e, como bem dito no blog do Serjão, não "guenta o tranco". É inconcebível uma moto, HONDA,
que não consiga andar 15.000km. Só serve para cidade então??? E esse negócio de ter que
abrir e regular as válvulas a cada 4.000km??? Ponto negativo, pelo menos pra mim, para a
XRE.

Pneus: Pirelli MT-90: decepção total. Estamos agora com 9.000km e ele está totalmente
slick. Não chega nem no Brasil, os gomos sumiram totalmente. O João, da Tenéré, está com um
pneu sem marca, que ele comprou diretamente na Yamaha, que está com estado de novo.
Detalhe, ambos estamos carregados, a única diferença é que o João está com 30libras e nós
com 29 no traseiro. O do Lucas gastou mais ainda, uma porcaria. Minha próxima moto, vou de
Michelin ou Mitas, com certeza.

Mosquita sem as asas... toda desmontada

Mirante


Praça central de El Bolson. Reparem o sol brilhando as 21h nas montanhas.

A peça que quase acabou com minha viagem: la valvula
Visual da cidade

Mirante

Lucas, querendo cair.
Pedra do indío

Lucas, a 40km/h, a motoca quase desmontando no rípio.

Dia 17: Caleta Olivia - Algum lugar entre Epuyen e El Hoyo (760 Km) 8h10 às 19h30

Esse hotel não tinha café da manhã incluso e por 25 pesos, preferimos partir sem comer. Tomamos um suco e comemos umas bolachinhas no posto.

O frio já é coisa do passado. Pelo menos enquanto estamos parados. E com a configuração de frio das nossas roupas, a gente estava literalmente derretendo dentro delas. Na estrada ainda estava um friozinho pela manhã.

Sem vento, a tocada foi muito boa. No começo da tarde, passando por Gobernador Costa (um vilarejo), vimos uma XRE 300 parada em frente a uma casa com uma placa dizendo que vendia comida. Quer dizer, o Leandro viu a XRE, eu vi a placa falando de comida...

Demos meia volta e paramos lá também. A moto era do João Polvani, de São José do Rio Preto.  Nos juntamos a ele no almoço, que diga-se de passagem, foi bem servido e pagamos barato. O trajeto do João é quase idêntico ao nosso, só que ele tá fazendo no sentido contrário. Ele nos deu algumas dicas dos lugares que havia passado, e nós demos algumas também.

Daqui pra frente, fomos fugindo da chuva o tempo todo. A gente via a chuva do nosso lado, chegando e por pouco ela quase nos pegou algumas vezes, mas conseguímos chegar ao lugar que o João tinha nos indicado pra dormir sem precisar colocar a roupa de chuva.

Paramos entre Epuyen e El Hoyo num sítio que tem uns chalés. Na verdade são casas mesmo, com dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Fomos super bem recebido pelos donos, que nos levou fazer um tour pelo sítio, que tem várias árvores frutíferas (algumas que eu nunca tinha visto, como macieira, pé de pera, cerejeira), riozinho cheio de peixe, piscina, sem contar a vista das montanhas no entorno.
Cereja direto do pé é uma delícia. Não tinha nem ideia antes de como era o gosto da fruta natural.

Saímos eu e o Leandro pra jantar (não tinha refeição na cabana). Paramos num restaurante muito bacana na beira da estrada. Super aconchegante, ambiente agradável, música muito boa e o casal proprietário muito gente boa. O cara é o chef do restaurante e a mulher foi quem fez toda a parte da decoração. A comida também não deixou a desejar. Enquanto isso, começou a chover. quando terminamos de jantar, estava uma chuvinha fraca só pra dizer que a chuva não nos pegou nesse dia.

De volta à cabana (é como eles chamam os chalés por aqui), bora tomar banho e dormir. Com o João no outro quarto, não precisei de protetor auricular...hahahaha

Olha o mate que os caras tomam por aqui: tranquera 

Olha a chuva ali à direita esperando por nós 

Parada para almoço - encontro com João Roberto 


Cerejas direto do pé 

Leandro e o dono das cabanas 

Riozinho dentro do sítio onde ficam as cabanas, cheio de salmão 

La cabana 

Relaxando na beira da estrada enquanto a janta não vem 


Meu prato 

Prato do Leandro